Sunday, February 25, 2007

A morte saiu à rua num dia assim....



Ah...entrei no blogger...por portas travessas, mas cá estou.
Escutava ontem abismada a lembrança da partida do Zeca há vinte anos atrás. Vinte anos. Acho que é a primeira vez na vida que me dou conta da minha idade. Que saudade.
Ficou frustrada mais uma tentaiva de ilustrar o post com a música, mas fica a lembrança da do título.

Tuesday, February 13, 2007

Escutando e não podendo partilhar Portugal, Portugal, de Jorge Palma

Ouvi ao longo dos anos chamarem-me portuguesa de segunda, digo, branca de segunda. Não foram muitas as vezes. Não há, por parte dos enunciantes, culpa alguma dos eventuais escaldões que brindam algumas lusas peles que de celtas guardam mais marca epidérmica. Porque não sou dada a escaldões, apesar do claro tom poder induzir em erro. Se vermelha fico, tal camarão cozido, dura um, dois dias. Depois fico castanha. Como me convém, fica bem e dá ar saudável. Sou então, em tempo de estio, linda morena, muito obrigada. Estou-me a cagar para o tom de pele. Gosto de paletas variadas em sentidos diversos, e, apesar da miopia, a íris cansada mas dotada de alguma inteligência agradece a diversidade. Porque nela cresci e me fiz. E nela criarei filhos, se os vier a ter.
Ora descubro há dias atrás, praticamente em cima da hora, que de nada me serviria ir até ao consulado mais próximo exercer um DIREITO e DEVER.
Os cidadãos com nacionalidade portuguesa que se encontrem, por qualquer motivo que seja, ou pelo período de tempo que for, fora da nossa faixa estendida junto do Atlântico, não puderam votar no referendo sobre o aborto. Disseram os senhores de toga, apoiados por partidos políticos, que não fazia sentido esses mesmo portugueses(?) se manifestarem sobre um assunto que não lhes dizia directamente respeito, não os afectaria, visto não usufruirem do sistema nacional de saúde.
Mas para eleger governo, deputados para assentarem cús, digo, arraiais no Parlamento Europeu e afins, para isso estamos cá, a bem dizer. Nem sequer me dou ao trabalho de perguntar por que porra não posso votar. Eu, que nem sequer anulei, e disso faço questão, a minha inscrição como eleitora no círculo geográfico que continuo a considerar casa, no litoral alentejano. Fá-lo-ia este Domingo, para poder obedecer à minha consciência e votar.

Saturday, February 10, 2007

give some love II

Dificuldades técnicas impedem a presença do vídeo aqui. Assim sendo, fica o link.
http://www.youtube.com/watch?v=kaXCu9q2k1w

Não me consta que tenha leitores em Moura ou arredores.
A maior dificuldade da Associação S.O.S. Animais de Moura reside na ausência de voluntários. Há alguns dias atrás, um dos corações grandes que ajuda estes animais dizia-me que ir lá é deprimente. Recordei-me de uma personagem que preciso rever o mais breve possível, apesar do sofrimento que traz. Billy(?) Kwan, do filme, The Year of Living Dangerously, desempenhada pela magnífica Linda Hunt. Uma frase sua persegue-me. What then to do. Escrevia ele isto num frenesim que martelava as teclas da sua máquina de escrever. Talvez alguns se sintam ofendidos pela comparação. Não a lamento. Nunca o farei. Sou um animal, tal como eles. Não valho mais do que eles. É isso que penso. É isso que sinto. É isso que digo e escrevo, e não me desculparei por tal.
Dizia Ghandi que a evolução de um povo se vê através da forma como ela trata os seus animais. A afirmação pode ser perigosa, se pensarmos nos nazis e seus sorrisos e alegria junto dos seus cães e cavalos.
Digo eu que Ghandi sabia muito bem do que falava, e que o problema não está na sua afirmação.
Voltando atrás, compreendo o que a alma amiga quis dizer ao afirmar que era deprimente lá ir. Creio, no entanto, que para quem tem algum tempo disponível ( e ele faz-se, também, consoante o nosso coração), pode ser uma benção. Pode ser triste ver animais que ali foram deixados, por vezes em tão mau estado. Mas que fazer então? Voltar as costas? Sentarmo-nos no sofá e ver mais um capítulo? Claro, podemos fazê-lo. A maior mentira circulando por aí é que nada podemos fazer. Podemos sempre fazer algo. Sempre. O que estiver ao nosso alcance. Isto vale, obviamente, para tudo. E não pedirei desculpas a quem me diz que é triste que me preocupe mais com cães do que com pessoas, porque quem isso diz 1. não me conhece; 2. não se conhece.

Se se encontra na referida zona e gosta de animais, visite a Associação, e decida se pode ajudar. Se os voluntários fossem suficientes, não haveria sobrecarga para ninguém.

Wednesday, February 07, 2007

A última resistente verde cá em casa, se dermos desconto ao rapaz sportinguista (enfim, há que compreender, ninguém é perfeito). Na primeira ausência prolongada, a presença providencial de vizinhos proporcionou o albergue das plantas que teimavam em subsistir, apesar da minha fama de assassina botânica. Não gozem, faz favor, amo plantas. A sobrevivência tenaz do bambú faz pensar na tenacidade oriental. Sendo bicheza de água como eu, aguentou-se no vaso fundo, que conseguiu manter o líquido vital naquelas duas semanas fatais de abrasador Verão. Que é insuportavelmente quente por estas bandas.





Eu tentei, juro. Prestes a partir, enviei com desvelo de mãe a minha hortelã-pimenta para casa de um amigo, que prometeu encharcá-la em água todos os dias.
Perante a aparente distracção que o levou a não ma devolver, acobardo-me e não pergunto por ela, presumindo-a morta no seu varandim citadino.



Sinto a falta imensa de verde dentro e fora de casa. É que em casa - a casa casa - vive-se no jardim botânico. Uma autêntica selva, com caprichosas trepadeiras envolvendo e engolindo escadas, com mudinhas de espécies improváveis. Plantas, muitas plantas, por todo o lado. E mata-me a saudade deste verde corredor que vai ter ao mar. Lá longe. Pouca lonjura para uma pequena Europa. Mas longe, porque estão sempre demasiado longe os afectos que não estão ao alcance da íris e do braço que afaga.