Desta vez é por aqui que entrarei.
Foi nesta cidade que passei parte da minha infância. Após a viagem descendente, a cidade continuou morando em mim. A minha bagagem é sempre pesada, mesmo quando engana largamente as balanças de check in.
Bela além do que palavras podem dizer.
Fotografia de Paulo Mendonça
Desabafo do dia: se ouço mais alguma vez (dou o desconto e refiro-me tão somente ao dia de hoje, que isto tem que ser levado um dia de cada vez) que "este é o país que temos", a minha orientação zen, reforma interior de nativa de Escorpião, tentativa de caminhada para uma vivência mais espiritualizada, enfim, tudo isto ficará seriamente comprometido, dado que me inclino seriamente para a possibilidade de vir a praticar sevícias ao meu próximo, sendo que os próximos se encontram relativamente a salvo pelo facto de estarem longe de mim, isto é, de estarem no tal "país que temos". O país que temos é feito por nós, e estou fartinha de ouvir essa porra. Deixem-se de queixas infindas, cabrões. Têm um país deslumbrante de tão lindo que é, tem muitas dificuldades, como muitos outros locais, tem muito menos dificuldades que vários outros locais no planeta, façam a vossa parte, que é o que vos cabe, em vez de bradarem aos céus tantos direitos sem deveres alguns. É triste que sejam poucos a amar essa terra, ao ponto de vir esta badameca que nem aí nasceu, e nem sequer dessa nacionalidade se considerou até muito tarde, vir dizer isto.