Tuesday, February 13, 2007

Escutando e não podendo partilhar Portugal, Portugal, de Jorge Palma

Ouvi ao longo dos anos chamarem-me portuguesa de segunda, digo, branca de segunda. Não foram muitas as vezes. Não há, por parte dos enunciantes, culpa alguma dos eventuais escaldões que brindam algumas lusas peles que de celtas guardam mais marca epidérmica. Porque não sou dada a escaldões, apesar do claro tom poder induzir em erro. Se vermelha fico, tal camarão cozido, dura um, dois dias. Depois fico castanha. Como me convém, fica bem e dá ar saudável. Sou então, em tempo de estio, linda morena, muito obrigada. Estou-me a cagar para o tom de pele. Gosto de paletas variadas em sentidos diversos, e, apesar da miopia, a íris cansada mas dotada de alguma inteligência agradece a diversidade. Porque nela cresci e me fiz. E nela criarei filhos, se os vier a ter.
Ora descubro há dias atrás, praticamente em cima da hora, que de nada me serviria ir até ao consulado mais próximo exercer um DIREITO e DEVER.
Os cidadãos com nacionalidade portuguesa que se encontrem, por qualquer motivo que seja, ou pelo período de tempo que for, fora da nossa faixa estendida junto do Atlântico, não puderam votar no referendo sobre o aborto. Disseram os senhores de toga, apoiados por partidos políticos, que não fazia sentido esses mesmo portugueses(?) se manifestarem sobre um assunto que não lhes dizia directamente respeito, não os afectaria, visto não usufruirem do sistema nacional de saúde.
Mas para eleger governo, deputados para assentarem cús, digo, arraiais no Parlamento Europeu e afins, para isso estamos cá, a bem dizer. Nem sequer me dou ao trabalho de perguntar por que porra não posso votar. Eu, que nem sequer anulei, e disso faço questão, a minha inscrição como eleitora no círculo geográfico que continuo a considerar casa, no litoral alentejano. Fá-lo-ia este Domingo, para poder obedecer à minha consciência e votar.

8 comments:

Anonymous said...

Eu hein!!!

Jelicopedres said...

Kanuthya, partilho o seu desapontamento.
Acho inadmissível que,uma portuguesa não possa ter acesso ao voto num referendo que lhe diz respeito, independentemente do local onde vive ou se encontra.
Daqui do litoral alentejano, um abraço solidário.
Teresinha Amoroso

kanuthya said...

jo ann v. Pois é, inacreditável... humpf
p.s. vais acrescentando letras ao teu nome eheheh

teresinha É exactamente o que sinto, é inadmissível. Obrigada pela solidariedade :)

Anonymous said...

Ó minha amiga, mas que bem lhes cantaste! Sim senhora!

Anonymous said...

No Brasil houve um referendum no ano passado - sabe que nem pensei se os brasileiros no exterior podiam votar???
Acho que se votam para eleger representantes no parlamento podem votar tudo.
Ou tudo ou nada.

Anonymous said...

Às vezes tudo isto nos dá vómitos!!!
Ó Cambada!
Kanuthya, sou a carolina e queria dizer-lhe que essa Teresinha Amoroso é uma querida colega nossa lá do Canto das Letras na Academia de Santo André. Se calhar já sabia, não?
bjh

Anonymous said...

É para fazer mais chiquééé ;)
Antes era Jo Ann VH, mas VH é tedioso, agora que Jota v. :P

Não tou a dizer coisa com coisa, eish!

kanuthya said...

esta é demais... agora consegui comentar, mas não consigo, por enquanto entrar no blogger e escrever...Há dias, já...

quel também acho, e acho que deviam votar em tudo, sempre que não renunciem a determinada nacionalidade.

carolina Já sabia, sim. Não tenho conseguido comentado em muitos outros blogs, um deles o seu.

jo ann v. ;)