Pergunto-me muitas vezes as mesmas coisas, Marvin
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Marvin Gaye - What's going on
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Marvin Gaye - What's going on
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Marvin Gaye - Mercy Mercy Me
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Não se celebra aniversário algum, nem da vinda ao mundo de uma voz que me acompanha desde e para sempre, nem da sua saída para outra dimensão. Egocêntrico, misógeno, com fama de maltratar as mulheres, excepto aquelas a quem chamava amigas (Miss Ross despediu-se dele num pungente e por muitos chamado piroso Missing You), fetichista e a lista pode continuar. Num dos seus últimos concertos, depois do Sexual Healing longuíssimo, incitava os presentes - go make some babies, e depois de poses que levavam a audiência ao rubro, informava que não sabia por quanto tempo mais faria aquilo, cantar, pois tinha muita espiritualidade em si. Talvez alguns imaginassem então que Gaye (sobrenome que convenientemente, segundo ele, adoptou de Gay) aparecesse como reverendo. Pode dar-se que o tenha considerado. Afinal de contas, tal profissão não impediu o seu pai de maltratar a família uma vida inteira nem de vestir roupas de mulher no recato do lar. Não teria tempo para mudar de vida, para fantasiar-se de qualquer outra coisa. Na véspera de fazer 45 anos foi morto pelo seu pai.
Um dos meus favoritos, em absoluta fidelidade. Não há nada assim. Vem aí.
(imagem de www.commandercody.com)
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Sabia-me bem lançar aqui as palavras como se faz com os barquinhos de papel, deixando-as a vogar em fundo azulado, até me ter metido com o html e a ordem com que nos iludimos ao dispor as coisinhas à nossa maneira ter ido para as urtigas, a barra lateral com ligações foi empurrada para o fundo da página. Deve ter sido uma qualquer conspiração dos textos, que exigiam de cartazes em punho ocupar toda a largura da pobre página, que por sinal emitiu um comunicado excusando-se de responsabilidades.
Assim sendo peguei neste fundo, que usava num outro projecto, o pergaminho de bolso. Devo ser um bicho de hábitos, como os cachorros, faz-me falta o fundo azul.
*imagem obtida em www.blueventures.org
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a noite dos alquimistas
chegam os magos no claro rasto da lua cheia
descem duendes pelos caminhos da Cassiopeia
gnomos e bruxos, génios e divas, tudo e ninguém
abeiram-se os sábios, os feiticeiros que o mundo tem
sentam-se amenas mágicas formas, sombras de alguém
vêm do fundo da paz da terra os sonhadores
guardam em sonhos ocultas memórias os computadores
pedreiros-livres, santos e artistas, tudo e ninguém
sussurram secretas vozes profetas dos temporais
pairam nos ventos estranhos seres como cristais
ó roda viva, ó astro grande de almas gentis
fonte das musas, covil dos homens mais varonis
a gente luta, a gente sofre e ninguém
redime as dores, nossos amores, ódios também
somos teus filhos, ó mar de estrelas
cuida-nos bem
(Fausto Bordalo Dias)
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Madame L. passa os dias esperando que passem perto da sua cancela, de nariz convenientemente espetado por detrás da cortina de renda fingida. Os gatos são uma excelente desculpa para sair, chama-os dias inteiros, assobiando como um rapazinho. Eles fazem ouvidos de mercador, cumprindo o papel de gatos, naturalmente. É terreno fértil em aventuras para felinos, o que rodeia a mulher que os acolheu.
A minha filha, sabe, sabe pois, já a viu, teve cancro e trazia bebés ao mundo, volta agora ao trabalho, que está melhorizinha, ela queria que eu tivesse um cão, assim sempre caminhava alguma coisita, mas eu...eu sou mais de gatos, compreende?
Compreendo.
Viu a minha neta? Essa sim, oh la la, trabalhou como hospedeira na Air France.
Tudo sabe da residência Madame L, só que está com os seus gatos, assobiando e chamando os mais distraídos que preferem caçar lagartixas e besouros a apanhar sol no jardinzinho.
A partir das sete da tarde, não se pode fazer barulho. Madame L. vê televisão, preenche a casa com a presença imaginária que lhe chega através da pequena tela, com o volume a um nível que justifica a fuga dos gatos. Fica assim, até de madrugada subir com dificuldade os degraus que levam ao seu pequeno quarto, parando de quando em quando, cerrando os olhos num esgar de dor, friccionando os joelhos inchados.
Veio de Lile, longe que estava dos olhos filiais preocupados, para um sul que acha mais frio que as suas paragens de origem, falta-lhe o calor humano que dizia ter na sua terra. De quando em vez escapa à vida reformada para ir comprar bugigangas a Espanha com os vizinhos que vieram de Paris gozar os últimos anos junto do mar, atentos ao mínimo burburinho no condomínio, controlando antenas, carros mal estacionados, dedicando-se à jardinagem, apesar de imaginar que não seguem os conselhos dos Monty Phyton, deve-lhes faltar a masturbação e estrangulamento de animais de estimação, que não têm, estragar-lhes-iam o jardim imaculado.
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Certas coisas são-lhe tão vergonhosas e duras que não se atreve a escrevê-las em português.
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Tenho à minha frente as seis janelas que me pintaste. Não estão penduradas. Posso pegar nelas e levá-las para onde for, debaixo do braço. A imagem não lhes faz justiça, é redutora, tal como o são as palavras que agora escrevo com luz de uma vela e a luminosidade de um écrã de televisão, companhia para alguém que clama dar-se bem com o estar fisicamente só.
Fecho os olhos e tenho uma idade qualquer, convinha ser criança e embarcada numa fantasia de fuga de casa, mas desconfio que pouco funcionaria tal ideia, era acusada de fugir com frequência, mas não se passava nada disso, os grandes ignoravam que simplesmente não me ocorria avisar alguém do que faria nos próximos tempos. E saía, assim, distraidamente porta fora. Fecho os olhos e tenho novamente essa idade qualquer perdida numa linha imaginária a que convencionámos chamar de tempo. Debaixo dum braço poderia levar a tela, no outro talvez o tradicional urso, que para mim sempre foi o Beto, hoje cego, sem nariz, de braços remendados e a pelúcia ruça das lavagens. Não pesam nada, o resto que vai cá dentro sim.
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