Sunday, January 07, 2007




Bem hajam os carrinhos de bagagem nos aeroportos. E bem hajam os gajos que fazem as gajas sorrir perante o desabar do lugar comum do excesso de bagagem associados a gajas. Gosto de desconstruções e mudanças de paradigma.


Nas férias sempre caóticas há que parar obrigatoriamente em salas de cinema. Porque neste país há pouca coisa em língua original. Muito pouca. Ficam além do alcance da minha pessoa quiçá que obras primas em japonês, coreano, chinês e por aí adiante.


Acabei por não ir ver um dos dois filmes que tinha anotado como "obrigatório ver em tela gigante", a saber, Babel. Mas paguei bem cara a obrigatoriedade deste:






Cometi pecado mortal tendo de interromper por um bom quarto de hora, ou mais, já nem sei, tentando evitar um deslocamento de retina ou desperdício de jantar (absolutamente delicioso, no Psi, restaurante vegetariano lisboeta, junto do Hospital dos Capuchos, com direito a jardim e cascata zen).


A sala tem um écran absolutamente gigante. Foi giro. Os outros sorriam perante a gaja a sair às pressas- olha, esta não aguenta a violência - e eu fula da vida, repousando olhos lá fora, fumegando - obviamente, cigarros portugueses - ah, lamento imenso, mas gosto muito de fumar. So, shoot me... bah. Mas, oh gaja, então num cinema com tanto lugarzinho livre, não teria sido muito mais simples mudar de lugar, para a parte mais anterior da sala? Teria. Se a parte anterior não fosse a área VIP, que fornece serviços indispensáveis como champagne por uma quantia do caraças. Podiam é enfiar o disclaimer nos bilhetes da área normal: Não nos responsabilizamos por eventuais danos ópticos durante a visualização do filme. Porra para as modernices, quero uma sala de cinema à antiga, pelo menos já vou avisada, e desde que não me sente por baixo do balcão (área adequada a audazes e masoquistas, com direito a eventuais escarradelas e papéis variados - com sorte você apanha com o papel que embrulha a pastilha super gorila, e não com a dita cuja - , vejo o meu filme descansadinha da vida. Ainda assim sou uma afortunada, tenho em casa uma tela deliciosa.


Excelente filme - aca, nunca mais lá chegava. Publicidade enganosa de trailers e promotores. Não, não é lançada teoria àcerca dos últimos dias da civilização maia. A história foca a vida de um homem. Um. Da sua mulher. Do filho pequeno e do vindouro. O fim dos maias? Vemos barcos castelhanos ao largo da costa. E pensamos num misto de terror e algo que não chega a ser alívio que no karma colectivo os espanhóis têm talvez mais horrores a purgar, tendo alcançado a proeza horrífica de, em algumas regiões, não terem deixado uma só alma para contar a história. Os portugueses não agiram de forma muito diferente. Provavelmente. Triste. Pesado.
Questionei-me por instantes se o catolicismo do realizador influenciou a crueza com que mostrou os maias. Deve ser paranóia minha. Provavelmente.

Na minha pausa forçada fui tirando fotos ao delicioso cenário kitsch, a saber:
(Sim, a fotografia está torta, naturalmente. também eu estava, e de que maneira....)

(Chiça, esta era de facto escusada...)

Os outros dois filmes no post seguinte.

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