calemas
Admiro as vagas calamitosas que não cedem ao preceito social de se fazerem anunciar previamente, somente chegam e levam, lavam, tudo arcam com elas. Trágicas, aparentam crueldade, mas recordam a nossa dimensão reduzida.
Com as calemas contamos, porém, contamos em ambos os sentidos. Contamos porque sabemos que são certas, que vêm, inexoravelmente. E contamos também seis ondas mais modestas que preparam caminho nas águas para a sétima, a calema convidada de honra, ocupa todo o espaço no areal.
Em português falamos sempre de mar, mesmo sendo esse mar oceano. O mar aqui é imóvel, apenas ondulado por brisas, não fala comigo, não ruge zangado,não dança em alegria desenfreada, as ondas vêm mansas sem salpicar os rostos dos transeuntes, oferecendo-lhes a mais bela água benta.
(foto de Gonçalo Pinheiro)
1 comment:
Eu não conheço bem o mar, somente o oceano.
E aqui tem tanta terra, que minha mãe viu o oceano pela primeira vez quando tinha 12 anos.
Tarde demais. Ainda hoje ela não gosta muito dele...
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