Wednesday, September 14, 2005

Antes da canção

Se nem na vida consigo pôr ordem nos acontecimentos, não haverá certamente motivo para aqui ir colocando com lógica cronológica Fausto e retalhos da história do país que abracei como também meu, porque precisamos por vezes dessa noção de pertença.
Trocando as voltas à Peregrinação e à Trágico-Marítima, começo pelo fim, por ser o único início possível, subindo o rio vou-me embrenhando nas matas até chegar ao planalto que primeiro aqueceu os meus pais, e também o músico já lá deve andar. Contar-nos-á certamente no próximo disco, se o próximo for o último da prometida trilogia, vem um em cada dez anos. É um gajo esperançado, o Fausto. Pelo menos acredita que viverá até lá.

"E tomou-se a boca do rio de S.Lourenço, achando por novas que numa povoação acima estavam alguns portugueses no resgate do marfim. E foi-se por ele, muito quietamente, entre margens povoadas de altas e espessas árvores que levam entretecidas os braços em formosa folhagem. E as matas de diversas cores cheiravam a tigres, onças, leões elefantes e gatos de algália. As flores em cachos amarelos fazem um suave rugido que aos três sentidos enche e farta. Cheirava a oregãos, fetos, agriões, poejos, malvas, alecrim... alecrim..."

p.s. A do gato de algália é excelente, convenhamos. Esperemos que hoje em dia o bicharoco seja conhecido por gato almiscareiro.

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