Friday, August 26, 2005

O livro mira-me da prateleira. Eu deixo-o lá ficar, por agora. Mas escuto-o.

E isto porque o som de um comentário do Discovery Civilization me fazia companhia ao tentar "trabalhar". Até ter chegado o nome do próximo programa aos tímpanos- Grandes Livros. Debruçam-se hoje, pelos vistos, no Coração das Trevas, que li no original, felizmente, há vários anos, e que me marcou de tal forma que me vou recusando a lá voltar.
O Conrad, esse nato polaco que só viria a aprender a língua na qual escreveu com mestria depois dos vinte anos de idade, e após ter balançado o corpo em navegações longas por mares revoltos, voltou-se para o mais tormentoso dos oceanos, que nos banha interiormente. O Coppola imaginou, suou e sangrou o seu magnífico Apocalypse Now a partir da viagem interior deste livro. No processo quis matar-se, quase acabou o casamento, o seu actor principal ia morrendo com um ataque cardíaco, foi à falência, arranjou problemas com governos de terras distantes, o da terra em que filmava, debatendo-se com a sua própria guerrilha, e o outro, que não achou grande piada ao recontar da pura loucura da guerra. E deu-nos um Kurtz que fica sempre connosco.

1 comment:

Anonymous said...
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