Saturday, July 02, 2005

Grani di sabbia


by Alexandre Monteiro
Originally uploaded by Kanuthya.

Ele passeava com o avô num areal banhado por águas mornas, tão distantes e diferentes do oceano em que nasci e me fiz. As grandes superfícies de água têm esta magia, desde que abertas, permitem-nos a suposição de encontros pouco prováveis de duas minúsculas moléculas d'água, por mais longe que se encontrem.

Ele prometera ao avô: Um dia farei um castelo de areia com a minha namorada na praia. E passearei com ela na areia, de mãos dadas.

O senhor sorriu abertamente ao neto predilecto. A tal namorada teve a fortuna de o chegar a conhecer, esse mediterrânico altivo e belíssimo, já afundado na névoa da idade que lhe pesava, e nas saudades da mulher partida tão cedo. E tem pena, apesar de se dizer que o que nos está destinado tem muita força, de não ter chegado a fazer o castelo de grãos de areia moldados pela humidade salgada e por mãos entrelaçadas. Tem pena mas não dói. Por vezes.

1 comment:

Anonymous said...

O castelo foi desenhado no coração da namorada com mãos entrelaçadas, mas veio uma onda...