Friday, June 24, 2005

Manguito pour vous

Por esta banda há muito quem fuja da aguinha, digo eu, excepto da de perfume. Em qualquer tasca de Portugal, por mais moscas que esvoacem, por mais sujo que o vidro do expositor de pastéis de bacalhau e rissóis esteja, pega-se nos ditos cujos com uma tenaz, essa fabulosa invenção, e atrevo-me a dizer que não é muito bem visto pegar directamente em comida e dinheiro, de seguida, ou em simultâneo, que Deus Nosso Senhor nos brindou, na maior parte dos casos, com duas mãos. Aqui uma prestimosa senhora na padaria não perde tempo munindo-se de luva de plástico, já estou como o outro, que não acreditava em fantasmas nem em germes, porque nunca vira nenhum dos dois. De seguida vêm os troquinhos, pois claro. Mas isso viria eu a constatar ser a mais inocente das badalhoquices. Quando a senhora da padaria se corta e sangra copiosamente, quiçá após trinchar um pão de forma, que as coisas querem-se já prontas e práticas, continua servindo o pãozinho aos clientes, que não se mostram chocados. A pessoa que me acompanhava ria à gargalhada perante a minha boca aberta. Felizmente não entraram moscas.
Um gajo passa perto da estação de comboios, que como sabemos, costuma ser um local asseado, e vai degustando uma tarte de amêndoa, sem papelinho por baixo. Eis quando senão repara que tem o atacador solto, e ei-lo fresco da silva, pousando a tarte num beiral de janela coberto de caca de pombo, agachando-se e compondo a toilette, não vá ele cair no meio da sujidade da rua. Na minha estupidez penso, Olha que porco, não podia ter colocado a tarte no caixote do lixo ali ao lado? Está calada que fazes bem melhor, qual deitar fora qual quê, depois do sapato atadinho, a tarte segue goela abaixo, acompanhada de nutrientes extra que não vinham na receita original.
Isto já soa a saiolice da minha parte, bem sei, mas não sou nova em andanças, e devo dizer que aqui encontrei o conceito de higiene mais original de sempre.
Nesta residência é estrictamente proibido fazer barbecues, ah como abomino o estrangeirismo flatulento, ainda que cada casa esteja bem isolada em relação à seguinte, e não há por cá os ventos de Sines, colocar antenas, parar o carro à porta para descarregar meia tonelada de coisas, nem que seja por alguns minutos, e uma série de coisas que ainda não pude ler por estarem em letra muito reduzida, à entrada.
Ando com ganas de fazer uma sardinhada com pimentos assados.

3 comments:

Anonymous said...

E não têm eles sardinhas aqui... :)

Carolina said...

Arre! Dê-lhes na tola!!!Ao menos aqui, a gente passeia-se nas ruas encantados, com o cheirinho a sardinha que salta de qualquer esquina!!!! Viva!

Anonymous said...

Amiga, já te saciaste com as sardinhitas ou ainda estás a lamber o mar com esses teus lindos olhos?!...